sábado, 19 de agosto de 2017

App inclusivo faz sucesso em escola









Em uma escola da pacata cidade de Espírito Santo do Turvo (SP), localizada próxima a 64km de Bauru (SP), o professor Carlos Roberto da Silva que trabalha na EMEF Profº João Rocha, trouxe o APP (aplicativo – Braille Tutor) para as suas aulas e o mesmo fez sucesso entre a garotada. Além do aplicativo ser gratuito, ele é muito fácil de mexer, basta possuir um sistema Android superior a versão 4.0.3, e nas outras turmas da escola pelo menos a metade dos alunos da sala possuem esta única especificidade para o uso do aplicativo, podendo assim ser utilizado em duplas.

O professor sentiu a forte necessidade de buscar alternativas quando um aluno com necessidades especiais (visão) entrou em sua turma do 5º ano, o professor que já abordava questões sobre inclusão e conscientização viu nesse acontecido uma oportunidade para maximizar o tema na sala de aula, vendo que o menino já sabia Braille, buscou uma ferramenta que pudesse ensinar de maneira prazerosa os outros alunos esse sistema de escrita, para que assim eles pudessem se comunicar com mais uma forma além da fala.

O Braille Tutor acabou fazendo sucesso na escola toda, pois os alunos compartilharam com as outras turmas, de modo que outras duas que também possuem alunos com necessidades especiais na mesma situação do menino puderam fazer o uso deste recurso.

Vale ressaltar a fala do professor Carlos Roberto “O aplicativo em si não exerce a inclusão, ele é apenas uma ferramenta, nós professores e educadores, que devemos criar a consciência da inclusão natural nos nossos educandos” e ainda complementa “O termo inclusão, em meu ponto de vista é um termo que deve ser temporário, usado como um remédio para um problema em nossa sociedade — a exclusão social —, por isso disse anteriormente sobre “inclusão natural”, que refere-se a esse sentimento de que todos somos iguais e que cada um possui suas características e que nenhuma delas constitui em nós o atributo de ser melhor do que qualquer outra pessoa”.

O aplicativo de acordo com o professor “é utilizado como um apoio lúdico, pois o mesmo é uma espécie de jogo interativo onde você vai passando de fases e liberando mais opções, como por exemplo numerais, pontuações, formas abreviadas e muito mais, um ponto que pode ser negativo é que o app está em inglês e a tradução só é liberada quando o jogador (educando) chega ao nível 10, eu procuro ver isso de forma positiva, pois trabalha o inglês nas crianças e os motiva a chegar ao nível 10 para conseguir a tradução”.

O funcionamento é bem simples, existe uma área para aprender as letras (practice) e praticas e uma área de desafio (challenge), onde haverá um tempo e uma quantidade determinada de letras para serem acertadas no menor tempo possível, assim acumulando pontos e com isso subindo de níveis e liberando novas opções que deixam o jogo ainda mais interessante.

A faixa etária mais indicadas é a dos alunos do 5º ano, mas alguns alunos do 4º ano também fizeram o uso de forma proveitosa, houve até o relato na escola de que dois alunos do 3º ano estavam também aprendendo e se divertindo com o aplicativo.

Com o programa Braille Tutor o Braile é desmitificado, pois o aluno passa a entender como ele funciona, quebrando todo aquele estranhamento perante essa forma de escrita, fazendo até mesmo com que ele possa também ler os escritos em Braile, e tudo isso de forma divertida e descontraída.

Nas palavras do aluno novo “eu achei um máximo o pessoal da sala também estar aprendendo Braile, eu nasci assim e minha mãe e meu pai desde pequeno me colocaram em aulas de Braile, eu já estudei em escola em que ninguém sabia Braile, mas também já estudei em que todos sabiam, uma vez uma menina até me escreveu uma cartinha de amor em Braile, você acredita? (risos)”.

Um programa simples, gratuito, ao alcance das mãos, que pode ser muito útil para o aprendizado, e no caso das séries iniciais quanto mais lúdico melhor.

Existem escolas que criam resistências contra o uso de aparelhos móveis nas salas de aula, mas o professor Carlos Roberto defende “hoje em dia, com o avanço, às vezes até desenfreado, da tecnologia atual, é imprescindível que façamos uso destes meios em sala de aula, a questão é saber fazê-lo e como fazê-lo da melhor maneira, deve ser feito com controle e responsabilidade, do contrário realmente pode ser extremamente negativo” e ainda reitera “o professor que tem o controle da sua sala vai conseguir trabalhar com as crianças de forma efetiva, é importante deixar muito claro que o uso é para determinados fins e não mais do que isso, o uso deve ser controlado e mediado, dessa forma um dos aparelhos mais temidos dos professores pode se tornar um bom aliado no processo de ensino-aprendizagem”.

Portanto, o planejamento e a organização das atividades são de suma importância na hora de trabalhar com a tecnologia dentro das salas de aula, impedir o uso já não é mais uma opção agradável, deve-se adaptar as tendências e utilizá-las a favor do professor, tornando assim as aulas mais atrativas, inclusivas, dinâmicas, divertidas e produtivas, de forma a nutrir o meio educacional com as inovações tecnológicas.

*Obs: os personagens nesta reportagem bem como o fato são fictícios

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