quinta-feira, 11 de julho de 2013

Longe de casa

Era inverno
Estávamos todos juntos como de costume
Caminhando de volta para nosso abrigo
Apenas o gelo era perfume

Desviei um pouco de meu bando
Indo por um atalho
De repente senti um impacto
Fiquei atordoado e cai próximo a um galho

Acordei em um lugar escuro
Não sabia onde estava
Mas senti dores em meu corpo
Meu peito palpitava

Assustei
Ainda pude levantar
Não conseguia perceber
Qual era aquele estranho lugar

O tempo passou
E aquela paisagem não mudava
Eu via penumbras
E uma coisa que me limitava

Pior que qualquer dor
Eu mal conseguia me mover
Óh que horror
Preferia morrer

Comecei a andar
Andar para os poucos lados
Sem parar, sem parar
Desesperado

Ouvi outros ruídos
Logo eu uivava também
Uma confusão de barulhos
Devia haver uns cem

Um dia se passou
E eu não conseguia entender
Minha barriga já roncava
- Aqui não há o que comer

Minha cabeça começou a doer
Meus membros a ficarem fracos
E eu já não conseguia tão depressa me mover
Como se muitos dias tivessem passado

Não havia o sol acanhado
Não havia a vida
Apenas alguns latidos
Em uma música triste e enfraquecida

Onde estarão meus companheiros
À minha procura sem dúvida
Mas como vão me encontrar?
Se não podem ouvir minha súplica

A fome começa a me corroer
E não consigo nem levantar
Também não há o que beber
Já não consigo nem uivar

De repente uma criatura esguia
Me retirou daquela escuridão
Mas foram elas que me puseram aqui
Vou tentar morde-las então

Mas ao tentar
Senti uma pancada
E uma dor horrível em meu corpo
Minha vida tremia atordoada

E assim
Continuaram me batendo
E eu não conseguia fazer nada
Mas sabia o que estavam fazendo

As dores eram as piores
Nunca vi nenhum animal o fazendo
Tantos sofrimentos
Pior do que a morte

Até que me suspenderam no alto
E eu não aguentava mais sofrer
Uma garra fora enfiada em minha pele
E me rasgando até morrer

Caído em um buraco
Em meus últimos fôlegos anestesiados de vida e de morte
Eu pude ver passar
Uma mulher com um casaco...




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